sábado, 13 de julho de 2013

Secret Love

Hey guys! Quanto tempo! Nunca achei que fosse ficar mais de ano sem postar nada. Mas, encontrei coisinhas aqui que escrevi algum tempo atras e... resolvi postar! Boa leitura!
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P.D.V - Selena

"Eram segundos que passavam lentamente, como que entrar em um sonho que logo poderia acabar. Sonho? Não exatamente isso. A imagem dele estava embaçada. Estávamos à centímetros de distancia, mas meus olhos ficaram úmidos e meu olhar perdido.

- O que você acha? Fala alguma coisa, Sel! – Ele dizia feliz e começava a ficar apreensivo diante da minha demora em responder. Então, eu deveria estar feliz? Tudo bem, eu ficaria. Eu deveria ficar. – Essa não...
- Oh, me desculpe. – Falei acordando do transe, respirando fundo.
- Você não está feliz, está? Pensei que ficaria... acha que errei? Tenho certeza que...
- Não, não! Nick... não pense assim! Eu estou muito... feliz, tanto... que nem consigo expressar. É isso!
- Sério? Que bom, então. Por um instante pensei o contrário. – Ele suspirou parecendo aliviado.
- Claro que não. Porque eu pensaria? – Ri sem graça, em busca de um disfarce perfeito.

“Porque eu ficaria?” “Porque...?” Eu tenho meus porquês, muitos deles rondaram minha cabeça naqueles longos segundos. Nick finalmente iria casar com ela. Perdão se soou negativamente. Nick casaria com Miley. Em poucos meses. Eu acabara de receber a notícia dele... meu melhor amigo desde os tempos da escola.
Eu era a vizinha nova e tinha 15 anos. Ele o garoto de olhos castanhos perfeitos e sorriso tímido. Esbarramo-nos a primeira vez e eu acabei ‘tropeçando’ naquele olhar preocupado dele. Como eu poderia me incomodar com machucados se eu tinha acabado de descobrir a forma que ele me olhava? Machucados que se danem! De qualquer forma, nada aconteceu... não fora da minha cabeça. Só éramos totalmente distraídos e isso acabava acontecendo algumas vezes.
Mas aquela vez foi única. Foi o segundo que me apaixonei por alguém, e hoje posso dizer que ‘foi à primeira vista’. Clichê, eu acho. Mas, talvez deva ser porque eu não fui a primeira e nem a única no mundo a sentir aquilo.
Ele era atencioso com todos, não ficava com todas. Tinha a inocência de uma criança embora várias caíssem aos seus pés... ou pelo menos fingia a inocência. De qualquer forma, ficamos amigos. Talvez eu fosse a garota invejada, talvez não. Eu era a melhor amiga para ele, mas deveria saber que ele significava mais para mim. Nós riamos juntos, fazíamos qualquer idiotice que amigos fazem. Ele podia sempre entrar na minha casa sem ter que bater na porta e sabia tudo o que eu gostava ou me deixava louca.

Alguns anos antes...

- Sel!! – Ouvi batidas na porta. Nada delicadas. Vi um raio de sol tentar entrar pela cortina. – Selena! Se você não levantar agora eu vou entrar!!
- Nem pense nisso, Nick! – Gritei ainda deitada, infeliz com o momento de acordar.
- Agora é tarde, já pensei! Anda logo!
- Não!!
- Tudo bem. – Erro meu não ter trancado a porta à 7 chaves ou talvez 8. – Já estamos atrasados, talvez não dê tempo você se montar todinha antes de ir. – Qual é o cara que tem paciência em esperar terminarmos a maquiagem perfeita?? Visitaríamos uma universidade esse fim de semana. E daríamos nossa nota a ela... é.
- Nick me larga!!!! – Gritei batendo nas costas dele após me colocar no ombro como um saco de batata!
- Eu avisei. Já pode parar de me espancar.

Ele desceu as escadas e me ‘jogou’ no sofá. Era uma cena linda: Eu com uma calça de moletom, uma blusa de alça azul celeste completamente descabelada e com a cara amassada de dormir. Só consegui achar graça. Nick sorriu ao ver minha reação. Eu odiava tanto estar irritada e começar a rir! E esse era o objetivo dele.

Eu tinha 17 anos e meu maior problema era ter que ir a uma festa de formatura do colegial. Até hoje sei que foi um grande problema!

- Eu não vou, você sabe.
- Ah, porque você tem que ser do contra?? Vai ser a última festa, você precisa ir.
- Que seja a última! Não faz diferença, Nick! Vai ser meu ultimo pesadelo. Você sabe quantas pessoas se importam comigo naquele lugar? Nenhuma! Ninguém vai sentir falta. Muito menos eu!
- Isso é mentira.
- Prove. – Revirei os olhos enquanto caminhávamos pela calçada de volta pra casa.
- Tem aquela garota que ficou sua amiga 6 meses atrás.
- Ela falava até com as plantas! Se não falasse comigo me sentiria ofendida. – Nick riu.
- O professor D...
- Me passava sermão porque nunca fiz uma atividade de química?
- A Delta sentiria sua falta.
- Sentiria muito mais a sua. – Rimos.
- Bom... eu sentiria.

Caminhei mais lentamente, desejando ler indiretas naquelas 3 palavras. Olhei-o nos olhos, mas ele só sorriu para mim. Por mais que quisesse o contrário, era o motivo que eu precisava. Mas, ele estaria lá com outra pessoa. Eu sabia disso. Meu celular vibrou na bolsa...

- Alô?!
- Ow... não sabe quem está falando? – Lembrei de olhar no visor. Era Justin. Meu passado recente... antes de “conhecer Nick e esquecer tudo o que eu sabia”. Ele estava morando na cidade há pouco tempo, devia conhecer poucas meninas para estar me ligando.
- Ah, oi Justin! – Vi Nick revirar os olhos.
- Oi! Pensei que não reconheceria. E então, S.? Como está? Não nos falamos há meses...
- Estou bem... Melhor do que o restante do seu alfabeto. – Nick achou graça e eu ri mais dele do que da minha reposta.
- Sel... já passamos dessa fase. Bom, eu só queria saber se você já tem companhia pro baile. O que acha? Irmos como amigos? – A última coisa que eu queria era um amigo chamado Justin. Mas olhei para o lado... Nick percebeu e me olhou com um sorriso de canto de boca, arqueando uma sobrancelha. E eu sabia que ele estaria lá com outra pessoa. Isso martelou na minha cabeça algumas vezes. – Sel?
- Desculpa! Sim... tudo bem, pode ser. Mas, me chama de Selena, ok?
- Tudo bem! Se você prefere... então, tudo certo. Espero te ver logo...
- Até logo, Justin. - Desliguei o telefone e percebi que Nick tinha parado no meio do caminho. De repente, senti-me chateada comigo mesma.
- Ele te chamou pro baile??
- Sim.
- E você disse que ia com ele?
- Sim, falei. Por quê?
- Não acredito! – Ele negava com a cabeça, passando a me acompanhar. – Você sabe que ele é um idiota.
- Quem sabe ele tenha mudado... – Dei de ombros.
- Já posso até imaginar você chorando querendo ir para casa e ele beijando alguém enquanto fingia buscar uma bebida.
- Nick! Não estou nem aí para quem ele beija! Não estamos juntos há um bom tempo, você devia lembrar.
- E você devia ter dito “não”.
- Fácil para você que quer ir ao baile e vai com a menina mais perfeita de lá. Eu, ao contrário, estou sendo pressionada pelo meu melhor amigo e não tenho com quem ir!
- Eu iria com você.
- Não, você já vai com a Delta.
- Ela insistiu e eu respondi “Não tenho outra escolha” porque você não queria ir. Agora as coisas estão prestes a mudar, mas não vão mudar porque minha primeira escolha vai com o ex-namorado idiota.
- Feliz agora?

Não nos falamos até a noite do baile. Não que estivesse tão longe.
Poderíamos ter previsto facilmente. Nick deveria ter planejado tudo aquilo. Ou talvez ele só conhecesse a peça perdida que Justin era... não exatamente o tipo de peça que você procura.

- Já posso dizer “eu avisei”? – Nick chegou por trás, preenchendo meus pensamentos vagos.
- Não. Mas pode dizer onde guarda sua bola de cristal.
- Hm... isso é segredo eterno. Victoria estava provavelmente guardando o número de telefone dela na língua dele. – Riu sozinho.
- Isso é nojento, Nick!! – Reclamei enquanto ele sentava ao meu lado. – Não vi você a noite inteira.
- Cheguei há pouco tempo.
- Deixou a Delta esperando??
- Não sou tão ruim assim. Disse que eu ficaria a noite vigiando você e não teria tempo para ela. Sabe-se lá em que momento Justin iria pegar seu lindo “coraçãozinho remendado” e jogar no chão outra vez. J
- Você é idiota. – Ri pensando em tudo o que Nick fazia. Nunca encontraria alguém como ele. Encarei-o de lado, tentando definir os traços do seu rosto à meia luz.
- Posso ser, mas garotas gostam disso. Sinceridade.
- É, elas gostam desse tipo de sinceridade.
- Você também. Eu sei que você me ama. – Ele disse numa “superioridade” infantil, naturalmente. Tão natural enquanto em mim... minha respiração só travou. Olhei séria em seus olhos tentando encontrar sinais de ironia.
- Eu? Claro que não!! Você é meu amigo, e a gente ama os idiotas porque eles são nossos amigos. – Nick deu uma gargalhada.
- Os idiotas quebram seu coração. Eu só faço você rir. – Respirei fundo, revirando os olhos. – E deixo você nervosa.
- Você é tão convencido!
- Idiota e convencido... minha curiosidade aumenta. Mas, vai dizer que não é verdade!!
- Não, não é.
- Você fica nervosa e com ciúme da Delta.
- Porque você tá falando disso?? – Falei sem paciência.
- Porque eu sei que é verdade.
- Não é.
- É. Principalmente se eu chegasse perto dela... como estou perto de você. – Olhei para ele novamente. Infelizmente não tinha mais forçar para negar. Imaginá-lo conversando com ela como faz comigo só me faria agir irracionalmente de tanto ódio.
- Eu... tentaria matar ela e bateria em você. – Sorri sem graça. Ele riu de canto de boca.
- Imagino o que faria se eu ficasse... nessa distancia... – Nick ficou muito próximo, quase sussurrando. Senti minhas forças serem roubadas e nem queria saber o que ele estava fazendo. Só queria deixar meus olhos abertos, algo que parecia impossível estando tão perto dele. Eu tinha medo de envolver meu coração com ele e me machucar sem ter o ‘ombro para chorar’ que ele era, então acabava por negar. Mas existia uma força que me puxava para próximo dele. Meu “coração remendando” batia agora com tanta força... Senti lábios roçarem aos meus antes de ouvir uma voz.
- Selena... – Afastei-me rapidamente de Nick e vi Justin parado bem à nossa frente. Ele não parecia decepcionado... só... chateado. – Se eu não tinha mais chance era só me avisar! – Ele saiu sem esperar resposta. Olhei para Nick que arqueou uma sobrancelha do jeito mais... sexy? Ok, para pensamento! Num segundo eu tinha as forças para uma guerra com Justin.
- Justin!! – Ele parou, ainda de costas. – Só para te lembrar... eu já avisei isso antes. Você é o tipo de idiota que não entende que algo acabou. – Pude vê-lo ir embora, e me senti tão livre... puxei Nick pela mão. A banda estava quase indo embora e eu queria dançar... com ele. Corremos até o salão que tinha metade dos casais dançando de olhos fechados.
- Viu? Não foi difícil mandar o Justin pra casa. – Nick me abraçava enquanto dançávamos. Minha cabeça estava encostada em seu ombro. - Calculamos o tempo certo! E gostei da sua nova categoria de idiotas. Pelo menos não divido meu posto com ele.
- Como assim? – Abri os olhos encarando-o.
- Posso ser o tipo de idiota que te faz rir. Ele é...
- Não... “calculamos”, “tempo”...?
- Pensei que você também tivesse visto ele se aproximar... você daria uma boa atriz. J
- Oh...sim. Calculamos perfeitamente. – Nick então só havia feito uma cena. E eu sonhando que esse seria meu final feliz. Encostei novamente minha cabeça em seu ombro, confusa. – Nick! – Encarei-o outra vez. – Somos amigos? – Eu queria olhar para ele e dizer que éramos mais... mas, soou como uma simples confirmação.
- Sempre. – Mais uma vez encostei minha cabeça em seu ombro. Eu não imaginava que minha noite terminaria nos braços dele e ainda assim me sentiria sozinha... longe do coração dele. Naquela noite, pude perceber tudo o que sentia por ele e tinha escondido de mim mesma. Dançamos a ultima música de uma noite longa para mim.

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O primeiro ano da universidade não foi nada além de normal.

- Isso é chato. – Ele reclamou baixando a cabeça.
- Então, deveria ter escolhido outro curso se não quer estudar isso. – Falei um pouco alto, divertida. Já era noite e estudávamos para um exame no dia seguinte. A biblioteca não era tão iluminada devido ao horário, mas várias luminárias estavam acesas sobre as mesas.
- Shiiii! – O típico bibliotecário de cabelos grisalhos nos censurou.
- Você fala alto demais. Eu avisei para ficar quieta. – Ele provocou, rindo.
- É culpa sua! - Sussurrei.
- Desculpe-me se não sou tão exemplar nos estudos quando Mademoiselle.
- Cala a boca! – Achei graça pegando o livro de volta.
- Já cansei de ler sobre isso. – Ele colocou os braços na mesa, as mãos entrelaçadas e o queixo apoiado nelas sobre a mesa. Como um garotinho de 5 anos. Decidi me fazer de ‘compreensiva’.
- Ok, o que acha que deveríamos ler?
- Hm... Shakespeare! Algo da época...
- Claro, porque isso vai estar na prova de legislação. – Irônica. Ele assentiu.
- Depois não diga que eu não avisei.

Seu tom de intimidação, com toque de diversão, na voz me fazia querer rir. Ele levantou, sabendo que eu entendia cada brincadeira, mas, como sempre fazíamos, tentou manter alguma seriedade. Achei graça enquanto o via afastar-se em direção à saída. Antes de sair parou e puxou um livro. Fez questão que eu visse a capa. Shakespeare. Ri mais uma vez, negando com a cabeça. Ele não leria aquele livro esta noite. Levantei o livro à minha frente, mas não consegui baixar os olhos para as palavras escritas.
Sem avisar, uma garota apareceu atrapalhada na porta. Tão distraída. Esbarrou nele, pegando-o de surpresa. Um livro foi ao chão e vi os dois se abaixando simultaneamente. Ela tinha cabelos longos, ondulados de fios dourados lembrando mel. A pele clara realçava os olhos azuis escuros e a boca corada na pouca iluminação do ambiente. Nick pegou o livro e entregou a ela. O que eu esperava ser uma gentileza levou tempo demais. Os segundos se arrastavam pela segunda vez na minha vida. Longos... Ela o encarou por uns instantes, e agradeceu. Mas ele... os olhos dele a perseguiram por mais tempo. Naquele instante, senti aumentar o arrependimento de ser apenas uma amiga. Em tanto tempo éramos amigos. Apenas isso. E talvez nunca passasse disso.
“Foi como tudo começou conosco. E ela poderia ser apenas mais uma amiga também”, pensei.
Ainda assim, existia uma grande diferença. Quando nos conhecemos, Nick não olhou para mim como olhou para ela. Ele nunca olhou para mim daquela forma. A forma como eu olhei para ele.
O ciúme surgiu simultaneamente e eu não pude ir contra. Eu queria acreditar que ela era uma péssima pessoa e que eles nunca mais se falariam.
Mas não foi bem assim. Quanto mais Nick falava dela, mas distante eu me sentia. Quanto mais histórias ele contava, mais eu esquecia a nossa. E quanto mais passei a conhecê-la, percebi que eu deveria ficar mais distante. Miley era a garota perfeita. Não a ‘popular perfeita’. Sim a pessoa ideal, determinada, doce... e eles eram tão parecidos, eu tinha que admitir.
Nick nunca me ‘deixou de lado’. Mas diversos foram os momentos que eu decidir me afastar. Miley lutaria por ele. Percebi a seriedade quando 1 ano e meio depois eles brigaram e eu fui o travesseiro de cada um.

- Desculpa por ‘alugar’ você.
- É, tenho uma difícil função de ficar em equilíbrio com vocês dois. – Tentei divertir e Miley sorriu com a cabeça encostada no meu ombro.
- Só você conhece Nick tão bem quanto eu... ou mais. E... só não quero falar sobre ele, sobre nós, para outra pessoa. – Ela disse de um modo singelo.
- Tudo bem.
- Você acha que ele vai me perdoar?
- Bom, não foi exatamente um ‘pecado’. Desentendimentos acontecem e... ele vai entender isso. Vai consertar tudo e voltar pra você. Por que... ele te ama. – Exigiu muito de mim admitir, mas percebi que era a pura verdade.
- E eu só quero que ele seja feliz. Nós dois. Faremos o possível para isso. Acredito em você.

Entendi que eles deveriam ficar juntos. Não era algo superficial. Era verdadeiro e recíproco. Lamentei por eu não ser ‘ela’. E me perguntava até quando eu sofreria com isso.

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Presente...

Estamos no ultimo ano da faculdade e eu estou chocada com a notícia. Sempre acreditei que um dia ouviria aquelas palavras. Eu deveria ter me acostumado e agir mais naturalmente. Mas eu ainda não consegui... embora soubesse que era assim que deveria ser. Por quê? Porque ele nunca olhou para mim como olha para ela. E eu deveria ser feliz assim. Era um caminho sem volta.

- É isso o que você deve fazer, Nick. Qualquer outra pessoa esperaria você fazê-la feliz. Mas, a Miley vai fazer de tudo para ver você assim.
- É, acho que sim. – Sorriso bobo no rosto dele.

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Demorei a entender que minha felicidade poderia não estar onde eu pensava estar. Talvez até agora não tenha entendido muito bem.
Lá estava Nick, com roupa e postura impecáveis. Miley trouxe o brilho aos olhos dele no instante em que apareceu. Não poderia existir outra noiva mais linda do que ela estava. Havia cristais nas ondas dos cabelos meio presos para o lado e no vestido tomara-que-caia com detalhe em envelope no busto.
Eu já a tinha visto antes... fui convidada para ser dama-de-honra.
Como senti-lo escapar das minhas mãos foram aqueles minutos. Na verdade, Nick nunca esteve totalmente em minhas mãos. Eu tentava segurá-lo, mas ele escapava entre meus dedos como água, como um simples amigo. Como alguém que nunca soube que eu o amava."

FIM